Numa organização do Clube de Coleccionadores de Gaia, vai estar patente de 02 de fevereiro até 30 de março de 2013, no Espaço Corpus Christi em Vila Nova de Gaia, uma Exposição de 96 gravuras do Semanário Humorístico
Ilustrado "CHARIVARI", publicados nos finais do século XIX.
A 1 de Dezembro do ano 1832 é distribuído gratuitamente, em
França o primeiro número do semanário humorístico ilustrado
"Charivari", com a tiragem inicial de duzentos mil exemplares. A
exemplo do que aconteceu noutros Países, e cinquenta e quatro anos depois, em
1886, é publicado no Porto um jornal humorístico com a mesma designação. De
formato 325x225mm, com o peso de 4 gramas, composto por oito páginas,
conjugando o texto impresso com os desenhos litografados. Para além de noticiar
factos e eventos relevantes do país e do estrangeiro, este semanário reservava
espaço privilegiado à ilustração, usando-a como uma "arma" de feroz,
crítica e sátira política, social e económica do país. Aspecto relevante é o
facto, de para além das figuras nacionais, surgirem nas suas edições retratos a
carvão de personalidades da região norte que se distinguiram nos mais variados
domínios de actividade. De salientar a qualidade das magníficas ilustrações da
autoria de José de Almeida e Silva e de Joaquim Maria Pinto, este último
nascido no Porto na Freguesia da Sé, a 12 de Janeiro de 1838, falecendo na
mesma cidade a 30 de Novembro de 1904.
Premente de actualidade a revisitação das ilustrações do
semanário humorístico “Charivari” presenteia-nos com a actualidade da sua
sátira política, económica e sócio-cultural do País.
Numa altura em que tanto se fala de défice estrutural a
vários níveis, podemos encontrar nesta publicação do último quartel do
século XIX, já perfeitamente
diagnosticados, alguns dos males endémicos que sistematicamente contribuem para
perpetuar o nosso atraso em relação aos países europeus mais desenvolvidos.
O “Charivari”, seguindo o exemplo da célebre “Geração de 70”,
através da ilustração satírico-caricatural, cumpriu eficazmente o seu papel de
observador atento e crítico da realidade portuguesa, procurando desse modo,
potenciar as dinâmicas de mudança, já então necessárias para obstaculizar como
dizia Antero de Quental, à decadência deste povo peninsular.